ORESTEIA
Encenação e Dramaturgia: Rui Madeira
Actores:
Ana Bustorff, André Laires, António Jorge, Carlos Feio, Frederico Bustorff Madeira, Jaime Monsanto, Letícia Bortoletto, Pascoal da Conceição, Rogério Boane, Rui Madeira, Sílvia Brito, Solange Sá, Thamara Thais
Actores:
Ana Bustorff, André Laires, António Jorge, Carlos Feio, Frederico Bustorff Madeira, Jaime Monsanto, Letícia Bortoletto, Pascoal da Conceição, Rogério Boane, Rui Madeira, Sílvia Brito, Solange Sá, Thamara Thais
Autor: Ésquilo
“Consagro as minhas tragédias ao tempo”
Ésquilo
“Contemplai os dois tiranos da pátria, assassinos de meu pai e destruidores desta casa…”
Orestes/Coéforas
Oresteia, uma tragédia da Europa. Em busca de um teatro político
Com Oresteia, queremos fixar-nos na contemporaneidade. Em NÓS! Nesta nossa – por herança de bastardos – Europa.
Essa mítica, bela e quente Europa que se banhava no Poleponeso,
amamentada no berço pela Hélade para não deixarmos que a Memória nos
atraiçoe. A velha vontade, há tanto acalentada, de destruição da nossa
querida Europa recrudesce e os novos turcos, são afinal os nossos irmãos
de ontem. Eles estão hoje no meio de nós e esperam o momento. Com Oresteia, queremos fixar-nos na Europa
a partir do sul. Com os pés nas areias mediterrânicas, num tecto de
estrelas, com o azeite a alumiar e um ramo de oliveira na mão... A
Europa perdeu o rumo na volta da guerra. Os comandantes tresmalharam-se,
embebedaram-se e ufanos de poder, declararam guerra aos povos. Esta
Europa, casa dos Átridas, berço de nações e de culturas, de hábitos de
convivência entre homens e deuses está cativa, qual Cassandra. A Europa,
esta Europa toda, arrogante e faminta, sobrinha de todos os aleijados
mentais da segunda guerra, é a Europa de líderes/títeres, com armaduras
de deuses num Olimpo de circo. Com máscaras de olhos vazios e dentes
roubados nos campos de concentração, funis de petróleo nas bocas e
coturnos feitos de ossos nas valas comuns. Continuam a arrasar altares,
pois já nada os indigna. Já não há deuses que nos acudam, nem homens que
os interpelem. A nossa Europa é hoje uma massa informe, gelatinosa, que
se apega ao que passa. Com Oresteia, as máscaras desta
tragédia europeia, escondem rostos singulares, de “deuses castigadores
que a democracia erigiu,” e que do alto do seu Olimpo olham com
jactância os Coros de deserdados que vagueiam atordoados e começam a
interrogar o capital, esse deus ex-máquina. E assim, nesta trilogia
trágica, entre deuses sem linhagem e humanos desumanizados, se ensaiará
um novo paradigma de JUSTIÇA. Com Oresteia o que se
conta é a história desta Europa, depois da segunda guerra, alquebrada e
moribunda, cansada da vitória. Dividida como uma família desavinda onde
impera o ódio, a inveja e a intriga. Esta Europa/Clitemnestra a um
passo, puta e mãe, Agamémnon e Egisto, Orestes e Electra. Esta Europa
com tantas Cassandras no ouvido. Esta Europa, a mediterrânica, tem de libertar-se e acabar de vez com os velhos deuses que nos querem enlouquecer. Nem estamos condenados, qual Efigénia, nem somos tão volúveis, quanto Helena. A guerra, esta guerra é para ser ganha pelo Coro de cidadãos de Atenas…
Projecto ORESTEIA: trilogia Agamémnon; Coéforas e Euménides
de Esquilo encenação de Rui Madeira